Navio Errante

Confesso que me surpreendi ao começar a leitura de A CASA DO CÉU, pois pelo título imaginava uma leitura mais leve, talvez até mesmo cheia de significados.

Não sabia, até iniciar a leitura, que se tratava do relato de um sequestro real.

Quando iniciei a leitura, pareceu-me uma narração de viagens que poderia constar em qualquer revista deturismo, incluindo a National Geographic, tanto referenciada por Amanda, onde ela detalha todas as viagens que fez, em cada canto do mundo, da América do Sul, passando pela Ásia e culminando na África, acompanhada ou sozinha.

É justamente em uma dessas viagens que ela conhece Nigel, um fotógrafo e com ele tem um romance que não deu certo. Mas, motivada indiretamente por Nigel, Amanda resolve mudar de profissão e passa também a fotografar e fazer pequenas reportagens, como freelancer, utilizando o conhecimento que tinha adquirido de suas viagens.

Na ânsia de reportar algo mais sério e perigoso, ela chama seu ex – companheiro Nigel, e juntos vão para a Somália, local de pura efervescência, totalmente entregue a uma guerra civil interminável.

Após alguns dias trabalhando Amanda e Nigel, a caminho de uma reportagem, são capturados por uma milícia que exige resgate em troca da vida de ambos.

A partir de então a narração muda de foco, e passa a ser mais tensa, passando de amenidades para um o relato cru, de mais de 400 dias de cativeiro, com a vivência, ora pacífica, ora conturbada de Amanda e Nigel com seus captores, e diversas trocas de casas onde eram escondidos, sendo que cada uma delas recebeu um nome devido a uma característica própria.

Mas é justamente na Casa do Céu, um local totalmente criado por Amanda onde ela procura o refúgio necessário para conseguir suportar toda a tortura que sofre nas mãos de seus algozes.

Um relato surpreendente que conseguiu me transportar e me fazer, em alguns momentos, sentir o que ela estava sentindo.

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Resenha de Antonio Fernandes, resenhista do Arca Literária