quarta-feira, 16 de junho de 2010

O ACIDENTE parte II

... Não tinha dado os devidos créditos aos 'avisos' que tinha recebido e então combinamos de nos encontrar eu, NINA, NAÍZA e LOURDECIR domingo para o piquenique na Cachoeira do Santo Antonio.
Nesse meio tempo chegou em minha casa JORDI, estudante espanhol, do intercâmbio da faculdade, que fazia oitavo período de Letras Inglês.
Bem, no domingo cedo, acho que umas 08 horas avisei que ia sair pra encontrar com minha nova namorada e suas irmãs, foi quando meu pai me pediu que convidasse as meninas para virem para casa e passar o dia ali. Ele não entrou muito em detalhes, apenas pediu isso e como era dia dos pais, eu assenti, no entanto me preparei como se fosse passar o dia fora, inclusive coloquei a sunga e peguei todo o dinheiro que tinha. Meu pai até pediu para o JORDI me acompanhar, mas fui sozinho mesmo.
Pouco tempo depois me encontrei com a NINA e a NAÍZA na praça Madeira Mamoré e ficamos esperando a irmã mais velha, LOURDECIR chegar. A nossa intenção era pegar o trem que naquela época ainda funcionava, mas, estava demorando muito (mais tarde descobrimos que o trem estava quebrado e não iria funcionar naquele domingo - coincidência?). Como era tarde para ir até o sítio que tínhamos ido no domingo anterior, resolvemos pegar o coletivo e ir até Candeias do Jamari, que tem um balneário muito bom. Não preciso dizer que o dia foi maravilhoso, nos divertimos muito.
Quando deu 17 horas a LOURDECIR falou para a gente ir, mas eu queria ficar um pouco mais namorando e decidimos ficar. Ali nós encontramos um amigo em comum que ficou com a gente até irmos embora, lá pelas 18 horas quando finalmente resolvemos pegar o coletivo e voltar pra casa. Na hora de decidir que caminho pegar, resolvemos ir pelo mais curto, pelo asfalto. Pelo caminho o nosso amigo em comum resolveu ficar em um bar próximo e continuar sua bebidinha (fator relevante para o que ia acontecer), então continuamos sem ele, quando uns metros adiante um moleque em uma bicicleta passou e pegou um boné de couro importado que eu estava usando e fugiu. Eu ia deixar prá lá, mas as irmãs mais velhas da NINA não deixaram, pararam um veículo que estava passando, uma belina branca, e após conversarem com o motorista, entraram no carro e foram atrás do moleque. Eu e a NINA continuamos e chegamos na parada de ônibus que tem na entrada de Candeias.
Pra nossa surpresa, logo depois eles voltaram e tinham conseguido recuperar o boné; as meninas começaram a nos chamar para entrar no carro porque iriam nos dar uma carona até Porto Velho. Eu e a NINA nos olhamos e decidimos aceitar até porque já estava todo mundo no carro, menos nós (entende agora porque o nosso amigo foi fator relevante? se tivesse com a gente não teríamos como aceitar a carona, porque teria gente demais). Bom, entramos.
Aí começaram as preocupações, porque o motorista já largou como se fosse carro de fórmula um e nossos apelos de diminuir a velocidade não deram em nada, pois ele queria chegar logo em Porto Velho. Eu estava curioso em saber como tinham recuperado o boné e não percebi direito o que aconteceu, foi tudo muito rápido, ouvi um barulho e quando olhei para a frente vi apenas que o carro estava saindo da pista. Não tive tempo para pensar, apenas agir, então peguei a NINA que estava ao meu lado, baixei no colo e a cobri com meu corpo, fechei os olhos e apenas pensei comigo "seja o que Deus quiser".
Não lembro de mais nada a partir daí sobre o acidente, apenas o que a NINA disse depois, que o carro tinha capotado três vezes e que tirando NAÍZA, todos nós que estávamos no banco de passageiros traseiro fomos jogados pra trás e para fora do carro. Eu fiquei no porta-malas. Quando dei por mim estava sendo retirado do carro, por um policial conhecido meu, e depois colocado em um táxi (lembro que era um táxi) junto com a NAÍZA (sei que era ela pelo short) e ainda perguntei ao motorista como ela estava, nada me respondendo. Eu ainda estava zonzo, quando olhei para o retrovisor e vi meu rosto. NÃO ERA EU! Ou pelo menos não me reconheci. O rosto estava todo banhado de sangue e o olho direito estava fechado. Imediatamente recostei a cabeça no banco e apaguei de novo.
Quando acordei estava chegando no hospital, sendo retirado do carro e colocado em uma maca, para logo depois começarem a me remendar. O que me angustiava não era a dor que eu sentia, era não saber como estavam a NINA e as irmãs, e foi justamente quando estava sendo remendado que um policial rodoviário federal entrou e perguntou se eu era o rapaz que estava junto com as meninas que tinham morrido. Resultado: entrei em choque, porque não sabia quem tinha morrido, e estava morrendo de medo que tivesse sido minha namorada. somente no dia seguinte foi que fiquei sabendo que ela estava bem e que não tinha sofrido nada, apenas um corte em um dos cotovelos, mas a dor dela era muito, muito maior do que a minha. Era a dor da perda. Ainda tive lucidez para avisar meus pais e meu trabalho. Quanto ao terceiro e quarto 'avisos', meu pai tinha sonhado que eu sofria um acidente e a NAÍZA tinha sonhado que morria. Mas como eu disse antes, fiquei sabendo bem depois.

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