quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

CÂNCER NA FAMÍLIA

CÂNCER NA FAMÍLIA

Há alguns anos, meu pai fez alguns exames com o seu médico urologista. Exames de rotina, afinal ele estava chegando aos sessenta anos. Devido a algumas alterações o médico pediu um exame mais acurado e detectou algo que não gostou. Eu estava com ele e minha mãe no consultório quando o médico decretou: “seu pai está com Câncer de Próstata”. Aquilo caiu como uma bomba.

A pergunta inicial na hora foi se tinha cura, ou melhor, se o câncer poderia ser combatido e vencido. O médico disse que sim, que havia descoberto a doença em seu estágio inicial e as chances de cura eram boas. Ele estava muito otimista. Não sei se realmente os médicos ficam otimistas para dar algum alento para os familiares, mas nos agarramos à esperança.


Ficou decidido que seria realizada uma cirurgia para a retirada do tumor pouco tempo depois. Feitas as providências, tudo certo no pré-operatório e lá vai meu pai para a sala de cirurgia. O que era para durar uma, duas horas no máximo estendeu-se e a cirurgia durou mais tempo que imaginávamos. Nem o próprio médico esperava isso. Quando o paciente saiu da sala estava branco, literalmente. Segundo o médico, durante a cirurgia ele percebeu que o tumor estava mais enraizado do que ele imaginava e com isso houve perda de sangue. Usaram praticamente todas as bolsas de sangue que tinham naquele hospital para a operação. E pior, houve ainda três paradas cardíacas. E em uma delas papai ficou vários minutos com o coração parado. Foi um verdadeiro milagre ele ter conseguido retornar.

Passado o susto a recuperação foi lenta, gradual e devidamente monitorada pelo médico. E quanto se pensava que a luta já havia acabado, o médico veio com a bomba dois: ainda restavam resquícios do tumor no corpo de meu pai. Resultado? Uma viagem para Barretos-SP, pelo SUS, para ser submetido à radioterapia e assim acabar de vez com a doença.

Foi outra luta. Durante vários meses meus pais ficaram em Barretos para as doses diárias de radioterapia.

No fim, após todas as sessões a que foi submetido, meu pai e minha mãe ouviram o médico responsável dizer que finalmente a doença havia sido erradicada do corpo e que não voltaria mais. No entanto, todos os anos ele teria que fazer uma biópsia de acompanhamento. Apenas um controle.

É claro que teve seqüelas. Uma delas é a questão da incontinência urinária e a outra é de caráter pessoal. Mas eu e meus irmãos só temos a agradecer a Deus pela cura do Câncer, pois muitos não a conseguem.

De todas as doenças do mundo, esta é a que mais atinge a família, com um poder devastador, pois a luta é árdua, e muitas vezes não se obtém o resultado que se quer.
Segundo meus pais, eles viam todos os dias pessoas morrendo no hospital por causa do tumor.

A aqueles que tiveram algum caso de câncer em sua família e que o resultado foi a cura, deem o devido crédito aos médicos, e curtam mais a pessoa que foi curada e que a família fique mais unida. Quanto aos que tiveram uma perda na família por conta da doença, tem todo o meu apoio e solidariedade.


Antonio Henrique Fernandes Neto
Autor e Capitão deste Navio Errante.



4 comentários:

  1. Oiee ^^
    Em 2012 descobrimos que meu avô tinha câncer, mas infelizmente já estava num estágio muito avançado e nada mandaria as células embora. Se espalhou muito rápido e só ficamos sabendo quando ele reclamou de dores, sintoma que acredito eu, só aparece no final. Não demorou muito e logo ele faleceu... Fico feliz que seu pai tenha conseguido se curar, por mais que tenha sequelas :/
    MilkMilks
    http://shakedepalavras.blogspot.com.br

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    1. Oi Dryh,
      Sinto muito pelo seu avô, realmente o câncer é a doença que mais mata no mundo. Graças a Deus que meu pai descobriu cedo e pôde se tratar e ficar curado.
      bjs

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  2. Que luta Antônio e que vitória.
    Também passei por essa angústia com alguns entes da família, nunca alguém tão próximo, mas como disse você, é sempre assustador. A vitória contra a doença é uma grande conquista e deve ser motivo de grande alegria. Saúde para seu pai e força para sua família, que deve estar ainda muito mobilizada.

    http://cafeecomletras.blogspot.com.br/

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    1. Oi Andreza,
      Graças aos exames a doença foi descoberta no estágio inicial e assim meu pai ficou curado, mesmo com sequelas, mas foi um susto muito grande.
      bjs

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