segunda-feira, 14 de julho de 2014

Crônica Esportiva 2

Encerrada a Copa do Mundo no Brasil, é hora de fazer algumas constatações. O que aprendemos e o que ensinamos.
Bom, ensinamos ao mundo que o povo brasileiro é acolhedor, sabe fazer uma festa e soube ser um bom anfitrião (até demais, pois o melhor da festa nós deixamos para os outros).
Esta é uma crônica esportiva, então não vou entrar na seara política (estádios superfaturados, estradas, metrôs, hospitais etc, etc, e etc.).
Com o olhar mais frio vimos que o Brasil, mesmo tropeçando, se preparou para um evento mundial do qual deu conta, com algumas ressalvas. O povo recebeu bem os turistas e torcedores do mundo inteiro. Não houve manifestações (dependendo da manifestação sou totalmente a favor) como a que todos esperavam, com muita violência e tudo correu na maior parte do tempo do jeito que seria esperado acontecer em qualquer outro país educado. Aqueles que erraram foram punidos, dentro da legalidade.
O maior problema, talvez, foi que a nossa Seleção Brasileira não se preparou para a copa. Foi a nota que destoou na festa. Se o governo se preparou, se o brasileiro se preparou, se o torcedor estrangeiro se preparou, o mesmo não se pode dizer do nosso selecionado.
Nunca esteve à altura do espetáculo. Tínhamos 23 jogadores, mas não tínhamos um time, no sentido amplo da palavra. Aquele time que atuou na Copa das Confederações e sobrou em campo tinha alguns defeitos, claro, mas agiu com um time. Tinha conjunto. O que fica difícil acreditar é que, apesar de ter passado um ano apenas, era o mesmo time que estreou na Copa do Mundo. É até estranho dizer isso, mas parece que nosso selecionado desaprendeu de jogar bola.
Todas as outras seleções sempre tiveram na nossa seleção o espelho. O Futebol brasileiro sempre foi o espelho e o estilo de jogo a seguir, a ser imitado. Perguntado por um jornalista, Pep Guardiola, ex-técnico do Barcelona, aquele time incrível que ganhou tudo o que se podia ganhar, respondeu que se não inventou nada, apenas observou o futebol brasileiro dos bons tempos. Tinha um ótimo exemplo a seguir. Os ídolos dos jogadores alemães eram jogadores do Brasil.
Até hoje, 32 anos depois, a Seleção Brasileira de 1982, comandada por Telê Santana, é considerada senão a melhor, mas indiscutivelmente uma das melhores de todos os tempos. Nunca se juntou tanto craque. Exatamente como hoje vemos a Alemanha. E Exaltamos a Alemanha. Essa nossa Seleção, mais a de 1970, a Holanda de 1974 e quiçá a Hungria em 1954, são os espelhos para todas as nações que jogam e são loucas por futebol.
Ontem revi os jogos que o Brasil fez em 82. É de uma magia que não vai acabar nunca. Mas aquele futebol brasileiro nunca mais voltou. Saudades. Em 1994 ganhamos uma copa jogando como Europeus, com resultado, sem muito brilhantismo. Hoje a Alemanha ganhou uma copa no nosso país jogando como os brasileiros jogavam antes. E nós, bem, nós perdemos como os europeus de antigamente.

Antonio Henrique Fernandes Neto

Brasileiro e torcedor saudoso do futebol brasileiro.

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