Encerrada a Copa do Mundo no
Brasil, é hora de fazer algumas constatações. O que aprendemos e o que
ensinamos.
Bom, ensinamos ao mundo que o
povo brasileiro é acolhedor, sabe fazer uma festa e soube ser um bom anfitrião
(até demais, pois o melhor da festa nós deixamos para os outros).
Esta é uma crônica esportiva, então
não vou entrar na seara política (estádios superfaturados, estradas, metrôs,
hospitais etc, etc, e etc.).
Com o olhar mais frio vimos que o
Brasil, mesmo tropeçando, se preparou para um evento mundial do qual deu conta,
com algumas ressalvas. O povo recebeu bem os turistas e torcedores do mundo
inteiro. Não houve manifestações (dependendo da manifestação sou totalmente a
favor) como a que todos esperavam, com muita violência e tudo correu na maior parte do tempo do jeito que seria esperado
acontecer em qualquer outro país educado. Aqueles que erraram foram punidos,
dentro da legalidade.
O maior problema, talvez, foi que
a nossa Seleção Brasileira não se preparou para a copa. Foi a nota que destoou
na festa. Se o governo se preparou, se o brasileiro se preparou, se o torcedor
estrangeiro se preparou, o mesmo não se pode dizer do nosso selecionado.
Nunca esteve à altura do
espetáculo. Tínhamos 23 jogadores, mas não tínhamos um time, no sentido amplo
da palavra. Aquele time que atuou na Copa das Confederações e sobrou em campo
tinha alguns defeitos, claro, mas agiu com um time. Tinha conjunto. O que fica difícil
acreditar é que, apesar de ter passado um ano apenas, era o mesmo time que
estreou na Copa do Mundo. É até estranho dizer isso, mas parece que nosso
selecionado desaprendeu de jogar bola.
Todas as outras seleções sempre
tiveram na nossa seleção o espelho. O Futebol brasileiro sempre foi o espelho e
o estilo de jogo a seguir, a ser imitado. Perguntado por um jornalista, Pep
Guardiola, ex-técnico do Barcelona, aquele time incrível que ganhou tudo o que
se podia ganhar, respondeu que se não inventou nada, apenas observou o futebol
brasileiro dos bons tempos. Tinha um ótimo exemplo a seguir. Os ídolos dos jogadores alemães eram jogadores do Brasil.
Até hoje, 32 anos depois, a
Seleção Brasileira de 1982, comandada por Telê Santana, é considerada senão a
melhor, mas indiscutivelmente uma das melhores de todos os tempos. Nunca se
juntou tanto craque. Exatamente como hoje vemos a Alemanha. E Exaltamos a
Alemanha. Essa nossa Seleção, mais a de 1970, a Holanda de 1974 e quiçá a Hungria em 1954, são os espelhos para todas as
nações que jogam e são loucas por futebol.
Ontem revi os jogos que o Brasil
fez em 82. É de uma magia que não vai acabar nunca. Mas aquele futebol
brasileiro nunca mais voltou. Saudades. Em 1994 ganhamos uma copa jogando como
Europeus, com resultado, sem muito brilhantismo. Hoje a Alemanha ganhou uma
copa no nosso país jogando como os brasileiros jogavam antes. E nós, bem, nós
perdemos como os europeus de antigamente.
Antonio Henrique Fernandes Neto
Brasileiro e torcedor saudoso do
futebol brasileiro.
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