quinta-feira, 10 de março de 2011

O BRASIL AINDA TEM CAPITANIAS HEREDITÁRIAS

Para quem ainda não sabe, as capitanias hereditárias foram para o Brasil o mesmo que as 13 primeiras colônias foram para os Estados Unidos, ou seja, o início do formato do que conhecemos hoje por Estados da Federação.
No entanto, diferentemente do que aconteceu nos Estados Unidos, em que a corrida para o norte ocorreu de forma gradual e de certa forma até mesmo violenta, pois ocorriam os conflitos com os indígenas nativos, havia a intenção de expandir os limites do país, no Brasil ocorreu de forma lenta, gradual, mais lenta e mais pacífica (em parte, porque sabemos o que aconteceu aos índios não só aqui, mas no país inteiro).
E mesmo assim, podemos considerar apenas após a Segunda Grande Guerra, pois na região Norte havia o que se necessitava demais naquele período, a borracha. Vieram para cá os chamados soldados da borracha, sendo muitos deles oriundos de outra região muito necessitada, a região Nordeste.
Procuravam trabalho e um lugar mais ameno para viverem. É claro que a presença de índios e a vasta floresta amazônica não favoreciam a quem vinha trabalhar. Ataques indígenas e doenças tropicais como febre amarela e malária espantaram muita gente.
Pois bem, decorridos aproximadamente quinhentos anos após as capitanias e mais de cinqüenta anos após a Segunda Grande Guerra eis que ainda deparamos com situações em que persiste a ideia de capitania hereditária, não no seu verdadeiro sentido, afinal, temos 27 unidades da federação conhecidos como Estados, mas afirmo no sentido do desconhecimento sobre o que existe e quem vive na região Norte.

Como naquela época, há uma espécie de desconhecimento geral do que rola aqui na região. Ainda me espanta que pessoas que se dizem inteligentes e que certamente passaram pelas carteiras de escolas e acompanham (ou deveriam acompanhar) os noticiários nacionais acreditem e afirmem que nesta região ainda existam só índios e onças – apenas para ilustrar – que aqui só tem selva.
Parece que a Região Norte não faz parte do Brasil. Duas das maiores metrópoles do país encontram-se na região, Belém e Manaus, nesta última inclusive existe a zona franca.
Em viagem para outras cidades do país, em três regiões diferentes, todos são quase unânimes em perguntar se aqui só tem índio e se as onças passeiam nas ruas. Sempre faço gracejos de que SIM, aqui tem índios e onças. Depois explico que os índios que tem na cidade estão na FUNAI e as onças estão na floresta e existem reservas indígenas. Ou seja, todo mundo no seu devido lugar.
Me entristece ver pessoas ditas famosas que demonstram total desconhecimento do mapa do Brasil e que quando acontece de virem à região, ainda perguntem ou gracejem sobre o que vão encontrar aqui. Alguns dizem até que aqui é tão longe que o vento faz a curva ou é onde Judas perdeu as botas.
Fazendo o caminho inverso eu diria que São Paulo ou Porto Alegre também estão longe, muito longe, mas nunca diria que essas cidades são o C... do Brasil, como dizem daqui. Em pleno Século XXI não podem existir mais preconceitos, de nenhuma ordem.  Não vivemos mais em um país que só existam capitanias hereditárias no litoral onde não se conheciam a região central e a região norte.
O Brasil é maior do que isso. A Região Norte é linda, com a Floresta Amazônica e tudo mais, e faz parte do país. Somos todos BRASIL.

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