segunda-feira, 1 de março de 2010

Dos meus tempos de infância lembro bem quando morávamos no bairro do Mocambo, um dos mais tradicionais, antigos e perigoso (não sei se ainda é) e, claro, tinha o cemitério, com o muro derrubado. Sempre que eu podia estava lá dentro, sem medo, como toda criança aventureira que se preze, mas o que eu gostava mesmo era das mangas. Aquelas mangueiras davam um fruto que até hoje deve ser uma delícia (tem gente que brinca dizendo que o adubo é ótimo) e gostava de brincar de aventuras pulando os túmulos com meus coleguinhas e meu irmão.
Daquela época lembro bem que o Mocambo era famoso também pelos bandidos que ali se escondiam, por causa de droga. E lembro também que a Polícia, seja civil ou militar, era respeitada, bastava aparecer uma viatura (acreditem tinha fusca como viatura da civil) e a bandidada sumia do mapa. Em uma dessas investidas, um individuo que já tinha sido preso e estava algemado com as mãos para trás quis dar uma de Holdini e fazer uma fuga milagrosa. Não adiantou, foi perseguido pela polícia e do quarto onde eu estava, estudando, só escutei os tiros.
Claro que pensei o pior, o cara tinha morrido. Cheio de curiosidade do alto dos meus dez anos de idade, fui ver, já que era um beco do lado da janela do meu quarto. Confesso que foi meu primeiro contato com a vida policial em plena atividade (uma visão do futuro, talvez?) e fiquei aliviado também já que o bandido tinha sido atingido nas pernas que estavam sangrando. Bom, o destino com certeza foi a prisão, mas procurei esquecer o fato e me dedicar a outras atividades.
Uma das coisas que eu mais gostava era dançar quadrilha em festa junina e o bairro era famoso também nesse evento e eu simplesmente adorava fazer parte do evento. Dançávamos até fora do bairro, como em colégios. E assim fui crescendo. Uma criança ativa e cheia de curiosidade.

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